Eu não escolhi ser brasileiro, não escolhi minha família ou minha cidade, nem minha cor ou classe social.
Não escolhi nascer no final da ditadura, nem tão pouco uma política democrática.
Não sou brasileiro pelas 5 estrelas em cima do escudo da CBF, nem pelas caipirinhas ou pelo jeitinho brasileiro.
Não tive pais patriotas que me apoiassem ao serviço militar e a votar nas próximas eleições, nem professores que se quer queriam criar uma personalidade política além do partido dos trabalhadores que tanto apoiaram.
Não acho o povo brasileiro patriota ou sinta vontade de mudar alguma coisa. Porém porém porém e porém
Nasci em um berço brasileiro com gente forte que poderia ser de qualquer lugar, mas Deus o quis assim, porém esse sorriso, depois de um dia de trabalho e algumas horas amassado no transporte público, essa vontade de deixar o visitante a vontade, que nasceu com um complexo de inferioridade e hoje nos torna tão agradáveis, essa idéia de abraçarmos gente que não conhecemos, de confiar mais uma vez no seu próximo, na garra desse povo que poderia ter nascido em qualquer lugar, mas assim aconteceu, mesmo depois de um cotidiano normal e igual a todos os outros países, sorrir, cantarolar, abraçar e dividir.
Um povo que tem tantos defeitos, mas sonha e sempre arruma um jeito de dar certo, um povo cheio de paisagens e músicas, mas que o cheiro, toque, gosto deixam todo o resto melhor.
Talvez um time de futebol não nos represente por ter um escudo estrelado no peito, ou mesmo uma mulher guerrilheira que decidiu ser presidente, mas cabe a mim representar esse povo que constrói mais que destrói, que ajunta mais que separa, que quer ser o centro da festa, mas não abre mão da presença de todo o resto.
Talvez reste a mim ser o brasileiro que o Brasil dos meus sonhos merece.
Rafael Mendes Moreira