Nada mais inspirador que o silencio, nada mais reflexivo que o escuro, nada mais esclarecedor que a solidão, aqui nós e o silencio das estrelas, a cor do breu, o brilho do caos do universo, o colorido do obscuro.
Paro pra olhar pra traz, nada de novo, muitas vezes olhei para saber quão distante já estou de casa, naquela bela tarde que deixei o útero, nada mais me resta além das lembranças do caminho.
Muitas pessoas fizeram parte deste corredor de paisagens, viagens, aventuras, mas nada nos resta além do silencio e do escuro. Via-me nas luzes dos teus olhos, via-me reluzindo em teu cabelo, mas nada se compara ao ver meu rosto neste espelho de breu.
Antes me encontrava em outros corpos, me confundia em outros pensamentos, hoje paro e olho tudo isso, do escuro confortável da placenta ao escuro afrontante de agora. Muito me impressiona como pouco de mim é inato, fui construído como obra prima deste pó dos pés de deus.
Sentado em frente a face do abismo me vejo, nada além de um pequeno ser, assustado e completamente nu as verdades que sempre ignorei, completamente ausente da mascara que avia pintado para esconder as cicatrizes.
A fortaleza que havia construído se desmancha nas grades do silencio massacrante do espelho, aqui desse momento encontro minha forma simples e pura de ser imperfeito, incompleto, instável, impermutável, corruptível e transitório.
O silencio fala mais que a voz da consciência, as correntes da felicidade ou da imagem destorcida dela partem com as conquistas dos louros da vitória, nada além de potes e mais potes de ouro dos bobos. Me desfaço ao nada que sempre fui e encontro consolo na entrega e na confiança, nada mais além de silencio.
Confidencio-lhe o novo nascer de mim.